Translate

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Que comecem os Jogos !!!



Todos a postos. Tudo preparado e testado. Esse momento é aguardado desde 02 de outubro de 2009 quando a cidade foi escolhida para receber os Jogos Olímpicos de 2016. E o processo não foi nada fácil. A eleição ocorreu entre 2007 e 2009 e contou com a participação de sete cidades de três continentes: América (Chicago e Rio de Janeiro), Europa (Baku, Madri e Praga) e Ásia (Doha e Tóquio). Em junho de 2008 a cidade do Rio se tornou finalista ao lado das cidades de Chicago, Tóquio e Madri. E depois de muitas montagens de vídeo, lobbies e declarações polêmicas do ator Robin Williams, a cidade maravilhosa ‘ganhou’ a honra de ser sede. Com isso o Brasil não iria apenas receber a Copa do Mundo da FIFA de futebol, mas também os Jogos Olímpicos de Verão.

O Brasil é o primeiro país da América do Sul a receber os Jogos. Antes somente o México, que fica na América Latina, teve tal responsabilidade. E que responsabilidade é receber o maior evento esportivo do planeta. Em 17 dias mais de 10.500 atletas irão disputar 306 provas. Todos dando o seu melhor. Todos representando o seu país. 5.600 jornalistas e fotógrafos estão na cidade, todos à procura da melhor entrevista. Do melhor ângulo. E tudo sendo editado na velocidade-luz da informação.

O dia é 1º de abril de 2016 e a presidenta da Republica está pronta para o discurso de abertura.

- Está tudo pronto, presidente.
- Presidenta.
- Como?
- Temer, meu querido. Me chame de presidenta. Pre-si-den-tA.
- Meu Deus. Quanta frescura!
- O que você disse?
- Nada, presidentA.
- Muito bem. Cadê o discurso?
- Está aqui? Posso fazer uma pergunta?
- Claro.
- Será que foi uma boa idéia antecipar o início dos jogos? Os jogos deveriam começar no dia 05 de agosto e não no dia 1º de abril.
- Se foi uma boa ideia eu não sei. Mas foi providencial. As investigações da Lava Jato estavam chegando muito próximo. Muuuuito próximo. Tinha que criar um paralelo para que as pessoas se esquecessem da operação.
- É verdade. E deu certo, né? Há duas semanas que ninguém mais fala nada.
- Claro que não. Eu falei que iria dar um jeito naquele sujeitinho, naquele homenzinho, naquele ser de outro planeta...
- De quem a senhora está falando?

- De quem mais. Daquele verme do Sérgio Moro.
- Como assim ‘deu um jeito’? A senhora pediu para... Ele está...
- Eu não pedi nada e ele não está nada. Vamos mudar de assunto. Só de pensar nesse homem eu fico toda molhadinha.
- A senhora fica o quê?
- Arrepiada... fico toda arrepiada... de raiva. Agora, a participação do Lula? Está pronta?
- Sim, senhora presidentA.
- Pois bem. Vamos. Está na hora.

Dilma, Temer e mais 5 seguranças se dirigem ao palco central do estádio do Maracanã, que sediará a abertura e o encerramento dos Jogos. O estádio, como sempre, está lindo. Pessoas do mundo todo se aglomeram nas arquibancadas coloridas. É uma Torre de Babel festiva.

Dilma está nervosa. Muitos ainda querem sua cabeça, apesar do esfriamento no caso da operação Lava Jato e do súbito desaparecimento do juiz Sérgio Moro. Na sua frente estão os papéis do discurso. O nervosismo faz com que ela não entenda coisa alguma do que está escrito. E não é a primeira vez que isso acontece. Ela terá que, mais uma vez, improvisar. O discurso será feito em português e um intérprete/tradutor irá digitar a versão em inglês que será exposta nos telões de alta definição que estão espalhados por todo o estádio.

Ela chama Michel Temer.

- Hey, Psiu.
- Pois não, presidentA.
- To com medo.
- Medo do que?
- Medo de ser vaiada. Minha reprovação bateu na casa dos 80%. É muita coisa.
- Fique tranquila. Isso não vai acontecer.
- Como você pode ter certeza? Não tem como controlar isso.
- Tem sim.
- Como?
- Na entrada do estádio distribuímos 200 dólares para cada pessoa.
- Vocês o que? Não podem fazer isso.
- Ué. Vocês não deram 400 Reais para as pessoas irem à rua apoiar o governo?
- Sim. Mas aquilo foi diferente. Aqui o negócio é internacional. Há jornalistas do mundo todo.
- Fique tranquila. Agora, vá lá e faça um discurso memorável.
- Ok.

Os alto-falantes do estádio pedem silêncio em português, inglês, espanhol, francês e aramaico. Eles informam que a presidentA da República Federativa do Brasil irá falar.

As pessoas se aquietam. Silêncio total. Dilma se aproxima do microfone. Os telões são ligados. O número 200 aparece no telão e as pessoas então começam a aplaudir efusivamente. Por mais de 2 minutos as pessoas gritam o nome do Brasil. É uma cena memorável. Algumas pessoas que se recusam a aplaudir tentam vaiar, mas a tentativa é em vão. Os aplausos são ensurdecedores.

- Silence, prease. Prease, silence.

O povo se acalma. Todos agora estão com a atenção voltada as palavras da presidentA.

- Companheiros e companheiras. No dia 20 de julho de 1969, o Homem pisou pela primeira vez na Lua. E digo Homem com H maiúsculo porque tem que ser macho para entrar numa nave e voar 370.300 quilômetros.
- Ai meu Deus !!! – diz um assessor. – Ela vai improvisar...
- E lá do alto, perto do Sol, Marte, Júpiter, esse homem teve uma visão. E essa visão era azul. E esse azul era o planeta terra. E esse azul está na bandeira do Brasil. País que hoje sedia os Jogos. País que amo, que vivo, que gamo. País que não tem igual. Tentam imitá-lo, mas nunca serão. E porque não? Porque não somos iguais. E por não sermos iguais, somo diferentes. Aqui mesmo, nesse lindo estádio, há pessoas de todas as raças, cores, credos e descredos. Pessoas que falam línguas diferentes, mas que graças ao Google translator conseguem se entender. E o Google me leva a pensar na tecnologia e não há Jogos sem tecnologia. E o Brasil que há muito foi considerado um país atrasado, um país onde os seus carros mais pareciam carroças, hoje produz as melhores novelas do mundo. Produção impecável. Tudo bem que as histórias são cabeludas, mas quem liga? O importante é o padrão Globo de imagem e produção. E esse padrão vocês verão durante os Jogos através das mais de 5.000 câmeras espalhadas por todos os ginásios e estádios dessa cidade que não é mulher, mas é maravilha. Que não é Batman, mas já passou anos nas trevas. Que não é Homem de Aço, mas faz nossa imaginação voar. Você deve estar se perguntando do que estou falando. Falo de heróis e heroínas. Homes e mulheres que deixarão seu suor nas pistas de atletismo, nas quadras de basquete, nas piscinas da Vila Olímpica. Heróis e heroínas que irão lutar não apenas contra o oponente, mas também contra o pernilongo da dengue, que assim como os atletas, é um sobrevivente. É um guerreiro. É um herói. E sem mais delongas declaro aberto os Jogos Olímpicos de Verão do ano de 2016 na cidade maravilhosa do Rio de Janeiro.

Silêncio. Não se consegue escutar um pio. O intérprete/tradutor desistiu na segunda frase que a presidentA disse. De repente, o número 200 aparece nos telões e todo mundo começa a aplaudir. Dilma abre um sorriso largo, de orelha a orelha. Esse, sem dúvida, é o seu melhor discurso. Ela então espera o fim dos aplausos e gritaria para poder anunciar a participação especial do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva.

- Companheiros e companheiras. Peço sua atenção para a participação de uma pessoa especial. Sou suspeita para falar uma vez que sou o que sou por causa dele. Se pudesse comparar diria que ele é o homo sapiens e eu seria a muié sapiens. Com vocês... Lula.

Mais uma salva de palmas. Lula então se aproxima do microfone e começa a discursar com sua voz rouca.

- Brasileiros e brasileiras. Americanos e americanas. Franceses e francesas. Cubanos e cubanas. Parece que foi ontem que ganhamos o direito de sediar os jogos. E isso aconteceu no governo do PT.  E não posso esquecer também que foi no meu governo que fizemos a festa em 2007 por termos recebido a honra de receber a Copa do Mundo. Quantos ex-presidentes podem dizer isso? Nenhum. Agora, me perguntem se recebi ajuda das burguesia ou da imprensa? Claro que não. Recebi só porrada. Diziam que o Brasil tinha coisa mais importante para se preocupar. Diziam que os dois eventos seriam um fiasco. Pois bem. Está aí o legado da Copa. E logo logo teremos o legado dos Jogos. E não pensem que os burgueses pararam de nos perseguir. Hoje temos esse tal de Sérgio Moro que busca, ilegalmente, enfraquecer os pilares da democracia. Mas vocês sabem por que eles fazem isso? Porque não querem que os pobres tenham acesso a uma Copa do Mundo ou aos Jogos Olímpicos. Acreditam que somente os ricos têm direito. Mas o PT está provando que podemos sim levar esse privilégio para todas as camadas sociais. Tanto é que criamos em 2014 o programa Bolsa Copa. Foi um sucesso. Pessoas dos cafundós do Brasil puderam assistir aos jogos da Itália, do Brasil, da Alemanha. E para esse ano criamos o programa Bolsa Olimpíadas. Com esse dinheiro o pobre terá direito a levar sua família até o Rio de Janeiro com tudo pago pelo governo. Quantos aqui hoje não estão usufruindo desse programa? E é por isso que digo...

BUUUUUUUUUUUUUUUMMMMMMM

Uma explosão ensurdecedora faz com que Lula interrompa seu discurso. Gritaria geral nas arquibancadas. Um helicóptero se aproxima do centro do estádio. Pousa e de dentro saem homens fardados e carregando metralhadoras. Dois deles carregam o que parece ser bazucas. Um deles aponta a bazuca para o local onde estão Lula e Dilma.

No telão é possível ver a figura de um homem. No começo ninguém acredita. É impossível. Ele foi dado como morto pelo governo norte-americano em 2 de maio de 2011. Obama, que está sentado junto à outros chefes de estado, demora alguns segundos para entender o que está acontecendo. Vira para o lado e pergunta para Vladimir Putin, presidente da Rússia.

- Aquele é quem penso que é?
- É o que parece.
- Mas ele não... eu vi quando ele... eu dei a ordem para matá-lo...
- Parece que você foi enganado. Aliás, nós todos fomos enganados.
- Não é possível.

- Ah, é sim. Para quem inventou que pisou na lua...
- Vladimir, por favor, essa história de novo não. Já te mostrei milhares de vídeos mostrando Neil Armstrong dando o primeiro passo na Lua. Meu Deus. Vocês russos são...
- Senhor. – um agente secreto encarregado da segurança de Obama interrompe a conversa – Precisamos tirá-lo daqui.

Um homem aparece e com uma arma apontada para Obama diz:

- Ninguém vai a lugar algum.

Enquanto isso, Lula e Dilma...

- Companheira, você convidou o companheiro Osama para a festa?
- Não. Nem sabia que ele estava vivo. E agora? O que faremos?
- Não sei. Não faço a menor ideia.
- Cadê o responsável pela segurança?
- Não há responsável.
- O QUÊ?????
- Tivemos que cortar gastos. Esse processo da Lava Jato levou todo nosso dinheiro.
- Mas foram gastos bilhões com esses Jogos.
- Sim, mas boa parte desse dinheiro foi utilizada para pagar nossos ‘parceiros’.
- Mas eu li que vocês contrataram os serviços do FBI.
- Não, foi do FPI – Federal Paraguayan Investigation.
- Meu Deus.

Enquanto Dilma e Lula discutem o dinheiro gasto na segurança dos Jogos, Osama Bin Laden começa a falar. E num inglês perfeito.


- Queridos fiéis e infiéis. Vejo que todos estão surpresos com minha aparição. Bem, quase todos. Porque há pessoas que sabiam que os demônios americanos forjaram minha morte. Que esses malditos inventaram essa história apenas para dar uma satisfação ao mundo, pois eles acham que são donos do mundo. Mas isso termina aqui. Hoje o mundo testemunhará a queda do Império do Mal. Por favor, olhem para o centro do estádio.

No meio do estádio está a delegação norte-americana. Todos os atletas estão amarrados. Alguns deles sangrando. Em volta é possível ver várias caixas. São bombas.

- Como vocês podem ver, iremos explodir toda a delegação do Império do Mal. Mas não é só isso. Aqueles que os ajudaram também fazem parte desse Império.

Então uma a uma as delegações da Itália, da Grã Bretanha, da Alemanha e de todos os outros países que apoiaram os EUA são levadas ao centro.

- Isso parece errado, mas não é. Errado é deixar que esses infiéis continuem mandando no mundo.

Nesse momento, Obama é levado para perto de Osama. Os dois agora aparecem no telão.

- Aqui está o chefe maior do Império. Tem algo a dizer?
- Sim. Uma dúvida. Onde você esteve escondido todo esse tempo?
- Em Miami. Há um resort lá simplesmente fantástico. Com piscina, frigobar, televisão com mais de 150 canais. O nome do resort é Eternally Happy e recomendo para todos que queiram deixar um pouco o stress da vida louca de lado. Mas chega de propaganda gratuita. Quero lhe dar uma opção.
- Diga.
- A sua vida pela vida dos atletas.
- Fechado.
- Mas não só a sua. A da sua mulher, dos seus filhos e de todos os outros chefes de estado e suas respectivas famílias. Vocês têm 30 minutos para decidir.

Silêncio. Os chefes trocam olhares. Eles tinham entendido direito? Deveriam se sacrificar?  Estariam todos dispostos? E seus familiares? Todos se reúnem e começam a discutir. Depois de muitos sins e nãos, de muito choro e soluço, eles chegam a um denominador comum.

- E então?- pergunta um Bin Laden impaciente.
- Se é para o bem mundial – diz Obama - Sim, iremos para o sacrifício.
- Pois bem. Pela primeira vez vocês tomam uma decisão correta. QUE SEJA FEITA A TROCA.

Alívio entre os atletas. Desespero entre os familiares dos chefes de estado. Alguns precisavam morrer para que muitos sobrevivessem.

Enquanto Bin Laden observa a troca, sente algo puxar sua barba. É o ex-presidente Lula.


- Companheiro Ladinho.
- Lula?!?!? Olá. Quanto tempo.
- Pois é. Como vão as 20 esposas, 118 filhos e 80 netos?
- Todos bem, na graça de Alá. E você? Tudo bem por aqui?
- Mais ou menos. Mais ou menos. O negócio não ta fácil. 
- Eu sei. Eu vi no The New York Times. Estão querendo a cabeça da Dilma.
- Isso mesmo. E por isso preciso da sua ajuda.
- O que você quiser.
- Seria legal se a Dilma pudesse fazer um discurso antes da execução.
- Tem certeza disso? Isso poderá ser visto como marketing negativo.
- Fique tranquilo. Eu transformarei em marketing positivo.
- Grande Lula. Sempre usando as situações mais inusitadas para fazer marketing político. Eu te invejo, viu? Se tivéssemos uns três como você as pessoas não teriam uma ideia tão errada do Talibã.
- Obrigado, companheiro Ladinho. Podemos fazer o discurso?
- Claro. Vocês são os anfitriões.
- Ótimo.

Lula da um abraço em Osama e segue em direção ao local onde Dilma está. Ela não sabe ainda que fará um discurso. Ela está conversando com Michel Temer. Lula puxa os dois de lado.

- Encontrei uma brecha nessa situação horrenda para alavancar a sua popularidade.
- Lula, eu não vou tirar a roupa. Já falei isso.
- Quem está falando em você tirar a roupa? Você vai discursar.
- Ah, ta. Mas será que irá funcionar?
- Como você e Ladinho são pessoas de pouca fé. Claro que dará certo.

Nesse exato momento a troca é finalizada. Osama então aparece no vídeo e informa que a presidente da República Federativa do Brasil gostaria de endereçar algumas palavras ao povo não só do país, mas do planeta todo. Ele então passa a palavra à Dilma.

- Brasileiros e brasileiras.  Estrangeiros e estrangeiras. Baixinhos e baixinhas. Sim, estou citando o cumprimento utilizado por anos por um ícone brasileiro e mundial: Xuxa. E faço isso porque no mundo temos baixinhos e baixinhas, altinhos e altinhas, gordinhos e gordinhas. Isso meus queridos se chama globalização. E nessa globalização há espaço para o ontem, o hoje e o amanhã. O ontem nunca será. O hoje ainda pode ser. E o amanhã, já foi?

- Meu Deus !!! – sussurra Lula ao ouvido de Temer – Ela vai improvisar de novo?
- É o que parece. – diz Temer
- Estão fazendo a tradução simultânea?
- Está sim. Estou vendo no telão.

E assim Dilma discursa por quase duas horas. Nesse meio tempo tiveram que arranjar outro intérprete/tradutor, pois o primeiro teve um colapso mental e nervoso.

-... e aqui estamos nesse impasse. Atletas ou políticos? Homens ou mulheres? Meninos ou meninas?, como diria o poeta Renato Russo. Não sei. Quem sou eu? Eu pergunto e eu mesmo respondo: ninguém. Mas se eu sou ninguém, quem são eles? Quem são vocês? Quem somos nós? E por onde está Wally? Na América? Na Europa? Na África Central? No Poló Norte, Sul ou Central? Isso nos leva novamente a palavra mágica: globalização. Porque se há algo...

BANG !!!!!

Alguém atira. Todos olham para Dilma para ver se o tiro a atingiu. Ela está bem. O tiro acertou o microfone. Ela tenta falar, mas não consegue. A figura de Bin Laden aparece na tela. Os cabelos da cabeça e da barba estão arrepiados. Ele então pede outro microfone e começa a falar.

- Fiéis e infiéis. Acabo de mudar de ideia. Todos os chefes de estado e seus respectivos familiares estão livres. No lugar deles, coloquem essa tal de Dilma e em volta dela coloquem todo arsenal de bomba para que não haja chance alguma de sobrevivência.

O povo que está sonolento de repente acorda e vibra numa explosão de aplausos e gritos.

- Pensei que a situação no Iraque estava ruim, mas vejo que aqui no Brasil o negócio está pior. Vou agora para casa no meu jatinho G6 e verei os jogos pela tela 60 polegadas que tem lá no resort em Miami. Minha mensagem final é: boa sorte povo brasileiro. Vocês precisam e muito.

E com essas palavras ele se dirige ao helicóptero enquanto 2 soldados pegam Dilma e a levam ao centro do estádio. Ela grita, pede por ajuda, procura por Lula, mas ele está ocupado falando com Temer.

- E agora, Lula. O que faremos?
- Um discurso.
- Como ??????
- Esse momento é perfeito. A constituição diz que, em caso de morte do presidente por meio de bomba em ato terrorista, o vice não poderá ser eleito. Deverão ser conclamadas novas eleições. E com isso eu estou de volta a bagaça.
- Hey, eu sou vice. Você vai passar por cima de mim e do meu partido?

- Ah, para Temer. O PMDB nunca elegeu um presidente, mas sempre teve alguém no governo. Sempre mamou nas tetas do poder por meio de vices, ministros, secretários.
- Isso é verdade.
- Pois então. Chegou a nossa hora.
- Beleza. Vou arrumar tudo. Vou pedir para deixarem você falar antes da execução da presidente. Digo, presidentA. Hahahahaha !!!

Temer então vai preparar o discurso e Lula vai para o camarim montado em um dos camarotes do estádio. Vai pentear os poucos fios que ainda tem e dar uma ajeitada na barba e bigode. Precisa estar apresentável. Enquanto isso Dilma é amarrada a um poste no centro do estádio e é acorrentada. Ao seu lado os soldados colocam quilos e mais quilos de TNT. Um dos soldados então pergunta.

- Mas... esses quilos de TNT irão fazer um estrago não somente a ela, mas ao campo e muito provavelmente as pessoas que estão na parte de baixo da arquibancada.
- Eu sei. – responde outro soldado – mas o chefe mandou, ta mandado. Vamos fazer isso e dar o fora daqui. Meus 12 filhos estão me esperando.

Passam-se 20 minutos e a imagem de Lula aparece no telão. Todas as atenções estão voltadas a ele. Do centro, chorando, Dilma olha para aquele que ela tinha como mentor e amigo. Ela espera que ele olhe de volta. Quem sabe assim ele se lembre do que ambos passaram juntos e tenha misericórdia. Mas isso não acontece. Lula está pensando somente numa coisa: eleições. E em suas mãos está o discurso preparado sob medida. Ele então pede silêncio. Todos respeitam o pedido. Ele respira fundo e diz...

- Companheiros e companheiras...












Nenhum comentário:

Postar um comentário