O ano é 2100 e o Brasil é um caos. Não há médicos para atender os pacientes; não há advogados para defender os clientes; não há arquitetos para desenhar novos prédios; não há administradores para cuidar das cidades.
O que há é uma falta de profissionais
em todas as áreas possíveis e imagináveis.
Tudo começou quando os
professores se rebelaram como nunca haviam feito na história do Brasil e do
mundo. Eles decidiram que iriam cruzar os braços enquanto as condições nas
escolas não melhorassem.
No princípio as autoridades acharam que eles estavam blefando, mas depois de um mês sem aulas eles entenderam que o negócio era sério.
A greve iniciou-se numa pequena escola numa pequena cidade do interior de São Paulo e logo foi tomando proporções herculanas. Mais e mais escolas foram aderindo ao movimento e quando os governos municipais, estaduais e federal perceberam, já era tarde. O Brasil todo estava parado.
Intermináveis reuniões foram
feitas, porém nenhuma decisão foi tomada. Os professores exigiam melhores salários
e condições de trabalho, bem como uma grade curricular que atendesse as reais
necessidades das crianças (ensino fundamental), adolescentes (ensino médio) e
adultos (universidades).
Aqueles que iniciaram o
movimento acharam que em dois, no máximo três meses tudo já estaria resolvido. Ledo
engano. A greve entrava no seu terceiro ano e o seu fim parecia ainda muito
distante.
No início as escolas foram
fechadas, mas com o passar do tempo e com a radicalização das ideias – as
pessoas cada vez mais tinham menos paciência – algumas pessoas passaram a colocar
fogo nas escolas. Começou com uma, depois outra, depois mais outra, e logo
milhares de escolas sucumbiam em labaredas infernais.
Governos de outros
países tentaram intervir oferecendo ajuda ao governo federal, porém o orgulho
patriótico falava mais alto, fazendo com que tais ofertas fossem ignoradas.
Passados 20 anos de
impasse, não havia mais diálogos e o pior, não havia mais professores. E sem
eles, não havia mais novos profissionais, pois quem iria ensinar os futuros
médicos, advogados, engenheiros, arquitetos, administradores e até mesmo
professores?
A última geração de pessoas
que teve o privilégio de estudar, de ter momentos inesquecíveis ao lado dos seus
amigos, começando na creche, passando pelo ensino fundamental e médio e terminando
numa universidade, estava no fim dos seus dias.
Como parte do ciclo da
vida, as pessoas com conhecimento técnico e profissional estavam morrendo.
Estavam partindo desse mundo e junto delas ia-se embora todo o conhecimento adquirido
por séculos. E o rito de aprender e ensinar morria com aquela geração.
O
Brasil voltava a era da escuridão.
Calma. Isto é apenas uma peça de ficção científica. Qualquer semelhança com a realidade é mera (será?) coincidência.
Graças ao bom Deus o sistema
educacional do Brasil ainda existe e resiste, independentemente do viés
político de cada governo.
Aliás, educação não deveria
ter viés político. Educação é educação e ponto final. Mas todos sabemos que não
é assim.
E por falar em existência
e resistência, se tem uma classe que, apesar das intempéries, continua firme e
forte, é a classe dos professores.
Apesar do salário e
condições indignas, o professor segue fazendo o seu trabalho dignamente, com afinco e amor.
Num país onde cada vez
menos as pessoas pensam em seguir tal profissão, ainda é possível encontrar alguns
poucos malucos que decidem se dedicar a tarefa árdua de ensinar.
Árdua sim, mas também
gratificante, pois não há nada que pague o olhar esfuziante de alguém que
aprendeu algo novo.
Fica aqui os meus parabéns a todos que de alguma forma transformam a vida de uma pessoa, que mudam a história de outra e que de quebra acabam mudando a história do país.
PARABÉNS
PROFESSORES