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terça-feira, 15 de outubro de 2019

Dia dos teachers


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Vera não foi trabalhar hoje. Aliás, não trabalha há duas semanas. Recebeu licença por conta de um acontecimento muito triste que mexeu não somente com ela, mas com toda a cidade.

(Acidente)
Vera está no seu recinto de trabalho, mais conhecido como sala de aula, quando percebe que um dos alunos não está prestando atenção, pois está ouvindo música, algo proibido durante a aula.

Ela se aproxima e pede educadamente que o aluno desligue o aparelho celular, o que ele enfaticamente nega. Ela, na sua inocência, toca no ombro do aluno que, abruptamente, segura sua mão e aperta fortemente.

Isso chama a atenção dos outros alunos que param suas atividades para olhar o que está acontecendo. Vera, com a mão machucada, pede calma ao menino que, aos gritos está saboreando os cinco minutos de fama.

Alguns alunos tentam acalmar os ânimos enquanto outros filmam a patética cena. Nesse meio tempo, um grupo grita ‘briga, briga, briga’ e começam a bater nas carteiras fazendo um barulho ensurdecedor.

O caos está instalado na sala e, empoderado pelos gritos e barulho das carteiras, o menino se levanta e começa a empurrar Vera que tenta se afastar, mas o menino a agarra pelo avental e lhe desfere um soco.

Vera vê tudo escurecer e não ouve mais nada. A dor é intensa, como nunca havia sentido antes. Lágrimas começam a cair dos seus olhos. Porém, não são lágrimas de tristeza e sim de incredulidade.

Passados alguns minutos, dois professores que ouvem a algazarra veem em socorro e levam Vera para a enfermaria e o menino para a diretoria. Ela ganha um galo imenso na cabeça e ele duas semanas de suspensão.

Esse acontecimento vira assunto na cidade por semanas. Programas de televisão exploram ao máximo o tema violência. Alguns de forma séria enquanto outros bem sensacionalistas.

Vera vai a alguns deles, ganhando assim uma indesejada notoriedade. Lá dá sua versão dos fatos e, junto com especialistas, tentam buscar a resposta para a simples e ao mesmo tempo complexa pergunta: por que?

Muito se debate e duas coisas ficam claras: 1. O problema está no governo que não investe em educação. 2. O problema está na família que não educa os filhos em casa, transferindo a responsabilidade para o estado.

Outras variáveis aparecem. Há muita controvérsia a respeito da solução para que situações como essa, que são cada vez mais comuns nas escolas de todo país, não ocorram mais.

Bete, uma das professoras da escola e grande amiga de Vera, sabendo que ela não estará na escola, resolve pedir para os alunos escreverem uma mensagem, o que irá deixar Vera muito feliz.

Como Vera é uma professora muito querida, muitos alunos escrevem. Bem, não será possível mostrar todas as mensagens, mas algumas estão aqui separadas para o seu deleite. São elas...


“Querida professora. Estava eu ouvindo a quinta sinfonia de Bach quando lembrei do que Einstein disse a respeito dos professores. A maioria dos professores desperdiça seu tempo ao fazer perguntas que têm por objetivo descobrir o que um aluno não sabe, enquanto a verdadeira arte de fazer perguntas é descobrir o que o aluno sabe e o que é capaz de saber’. Acredito piamente que essa frase descreve bem quem é Vera, a professora referida nessa nota. E é com esse espírito, com o aval daquele que é o maior cientista de todos os tempos, que desejo-lhe um Estimado Dia dos Mestres”.
Mara, a intelectual.


“Querida professora Vera. Fiquei muito feliz quando me pediram para escrever uma pequena nota nesse dia tão especial. Espero do fundo do coração que tudo de bom aconteça para a senhora não somente hoje, mas amanhã também, e depois de amanhã, e nos outros 364 dias do ano. Afinal de contas, todo dia é dia, não é verdade? Me desculpa porque não deu para comprar um presente. Eu usei todo o dinheiro da minha mesada para comprar o jogo novo do God of War. Mas prometo que ano que vem tem presente. Feliz Aniversário, professora!!!”
José, o confuso.


“Querida tia Vera. O que dizer? Palavras não podem e não conseguem, por mais que tentem, expressar o quão profundo é meu amor por ti. Acordo pensado em ti e quando vejo o dia passou, a noite chegou e, ao deitar, ainda estou com você nos meus pensamentos. Sonho com você me ensinando a conjugação do verbo pentear no pretérito imperfeito (estava deitado enquanto vós penteáveis meus cabelos). Sonho também com você me explicando a equação do terceiro grau. Sonho com os seus lábios, o seu sorriso, as suas mãos, e com todo o seu corpo que se pudesse conjugar seria mais que perfeito. Para você, mais que querida Vera, um Feliz Dia dos Professores junto com um beijo”.
Paulo, o incontrolavelmente apaixonado.


“Ti-ti-ti-ti-aaaaa!!! Fe-fe-feeeeeee-liizzzz Di-didi-diiii-a doooooos Pro-propro-prooo-fessooooo-reees!!! Te-teeeeee Amo!!!!”
Marcos, o gago.


“Dear teacher Vera! I love you! Congratulations on your day!”
Antony, o bílingue.


“Querida professorinha. Que alegriazinha estou sentindo nesse diazinho tão especialzinho. A senhorinha é demais, viu? Se eu tiver só um pouquinho desse amorzinho que exala desse seu coraçãozinho, eu já serei uma pessoa felizinha. Obrigadinha por gastar seu tempinho preciosinho comigo e com meus amiguinhos. Feliz Dia dos Professores, minha professorinha lindinha!!!”
Marcinha, a fofinha, bonitinha e boazinha que usa tudinho no diminutivozinho


“Olha só! Não estava muito a fim de escrever nada não, mas me obrigaram. Bem, não gosto da senhora não, e nunca que iria escrever pra você, porém disseram pra eu mentir e escrever qualquer coisa. Pois aí está! Feliz... feliz... dia... Aaaargh... não consigo proferir tais palavras, pois não condizem com o que eu realmente sinto! Aliás, tem nada a ver esse negócio de dia dos professores. Tínhamos que celebrar sim o dia do aluno, pois é um saco ter que aturar vocês professores. Quer saber, desejo um Triste Dia do Professor. Pronto, falei”.
David, o sincero.


“Querida... snif-snif... professora! Eu... snif-snif... quero muito lhe... snif-snif... desejar um... Feliz... Dia... dos... buaaaaaaaaa... eu num guento... buaaaaaaaaa...”
Ana, a chorona


“Na escola a professora está explicando presente, passado e futuro.
- Se digo que fui rica, isso é passado, ok? Mariazinha, se digo que serei diretora, isso é...?
- Futuro, professora.
- Muito bem! Joãozinho, se digo que sou bonita, isso é...?
- Mentira, professora”!
Joãozinho, o engraçado, também conhecido como fanfarrão.



Bete olha para Vera e ela está com um largo sorriso no rosto, ao mesmo tempo que tem os olhos lacrimejados. Ela então coloca os papéis sobre a mesa e dá um longo e carinhoso abraço em Bete.

Bete pergunta como sua amiga está, se ela pretende parar depois do que aconteceu. Vera simplesmente olha para sua amiga depois de limpar as lágrimas e diz: Parar??? NUNCA!!!

Vera está triste com a situação? Claro que sim. Quem não estaria? Porém, a tristeza daquele dia não irá apagar a alegria de todos os outros. E as mensagens só corroboram a importância dela para aquelas crianças.


FELIZ DIA DOS PROFESSORES