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quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Dia dos professores



Quinze de Outubro

Não sei você, mas os dias que me trazem as melhores recordações da minha infância são aqueles que passei na escola.

Lembro com muito carinho e saudade dos meus amigos. Fazíamos quase tudo juntos. Juntos preparávamos os exercícios de casa. Juntos fazíamos os trabalhos. Juntos jogávamos bola durante a aula de Educação Física. Lembro que o professor quase sempre deixava a escolha do esporte que iríamos praticar em nossas mãos. Com uma bola de basquete na mão esquerda e uma de futebol de salão na mão direita ele fazia a pergunta clássica: “Qual?”. Em 120% das vezes a bola de futebol de salão saía vencedora.

Um dos momentos mais esperados por todos era a hora do intervalo.  Lembro das brincadeiras no pátio. Era um tal de corre corre que deixava a inspetora Silvia de cabelo em pé. E as merendas então? Pão com salsicha e suco de laranja; arroz e frango; bolacha doce e café com leite; bolacha salgada e leite com chocolate; maça. Todos reunidos ali, comendo, conversando, jogando bolacha um no outro, para depois nos levantarmos e juntos corrermos pelos corredores da escola brincando de pega a pega. E a inspetora Silvia atrás de nós. “Parem de correr. Vocês acabaram de comer. Que teimosia, meu Deus. Pareeem de correeeer.”

Como não sentir saudades dessa época? Como não sentir saudades do arroz com frango, das brincadeiras, da inspetora Silvia? E como não sentir saudades daqueles que ajudaram a formar o meu caráter? Daqueles que por muitas vezes me elogiaram (momento modéstia) e algumas outras poucas vezes puxaram minha orelha. Não literalmente, claro, apesar de alguns expressarem uma vontade enorme de fazê-lo. Como não sentir saudades dela que foi minha musa inspiradora? Ela era tudo. Quantas noites eu não perdi devaneando sobre nós? Nos imaginando juntos, entrando no altar – peralá, o noivo entra primeiro e depois a noiva – mas enfim, no meu sonho nós entravamos juntos. De mãos dadas. E nos bancos, meus amigos, todos com 12 anos, gritando nosso nome. Me lembro dela me dando um pequeno tapa na cabeça, dizendo: “Edson, acorda menino. Levante-se e conjugue o verbo pentear no Futuro do Pretérito do Indicativo. E depois no Imperfeito do Subjuntivo”. E eu sem pestanejar, concentrado, com meu cabelo de índio penteado, conjugava o verbo pentear no Futuro do Pretérito do Indicativo. E depois no Imperfeito do Subjuntivo. E ao término de cada conjugação eu olhava para ela, esperando a sua aprovação. E ali estava. Então sentava novamente e voltava a devanear. Passados alguns anos eu ainda consigo ver aquele sorriso. Porem, não me peça para conjugar o verbo pentear no Futuro do Pretérito do Indicativo e depois no Imperfeito do Subjuntivo porque eu simplesmente não sei.

Mas minha musa não era a única. Lembro também do meu professor de Matemática, um bigodudo. Da minha professora japonesa de Geografia. Lembro bem do dia que ela pediu que desenhássemos o mapa do Brasil. Naquela época Tocantins ainda não fazia parte do território brasileiro. E lembro que ela escreveu um ‘excelente’ no meu mapa (momento modéstia 2).

Por que será que depois de alguns anos (sim, alguns e não muitos) eu ainda me lembro desses professores? A resposta é simples: eles fizeram parte da minha vida, da minha educação. E eu os admirava demais. Ah, um outro professor que eu admirava muito era o meu teacher. Sim, o meu professor de inglês do CNA. Ele era muito bom e tinha um inglês espetacular. E me lembro que eu não perdia uma aula dele. E me pegava pensando: “Um dia vou falar inglês como ele. Um dia vou dar aula como ele”.

Você em algum momento já se pegou falando isso? Ou já se pegou pensando nos seus professores da época do maternal? Ou da época do 1º grau? Ou da época do colégio? Ou até mesmo da época da faculdade? Tenho certeza absoluta que sim. Todos nós temos nossos professores preferidos. E temos também aqueles de quem não gostávamos. Faz parte. Ninguém é unânime. Ninguém consegue agradar a todos. E isso se chama diversidade. O que é bom, legal, magistral, sensacional para mim pode ser indiferente, chato, ruim para você. Mas em uma coisa pelo menos nós concordamos. A profissão de professor é uma das mais belas desse nosso Brasil.

Infelizmente, apesar da beleza, é uma profissão desvalorizada, subestimada. A grande maioria dos professores recebe um salário indigno. Muitos são insultados pelos adolescentes de hoje em dia que não têm o mínimo de educação. Muitos reclamam da estrutura física das escolas, com carteiras e cadeiras caindo aos pedaços. Olhando para esse quadro é possível imaginar muitos professores arrependidos de terem se formado em Letras. Poderiam estar ganhando dinheiro como advogados ou engenheiros. Mas o que se vê é o contrário. Eles continuam de pé. Continuam aguentando desaforo de adolescentes mal educados. Continuam aguentando salários baixos. Continuam aguentando a indiferença do governo. E por quê? Porque amam o que fazem. Porque não se vêem fazendo outra coisa. Porque o que os faz feliz não é o salário no fim do mês, que é importante, mas saber que estão ajudando pessoas a realizar sonhos.

Para você que valoriza o trabalho do seu professor, dê-lhe um abraço e diga que ele é importante. Tenho certeza que essas palavras irão incentivá-lo a continuar estudando, se empenhando em melhorar as aulas. E o melhor beneficiado será você.

Para você caro professor, não importa se você leciona em uma escola pública ou particular. Se você da aula num cursinho ou em uma faculdade renomada. Se você é professor de inglês ou de espanhol. Não importa se você é chamado de professor, teacher, fesso, tio ou tia. O que importa é que você tem uma das profissionais mais belas do mundo. Sei que a situação atual é feia e que muitas vezes bate aquela tristeza. Bem, quando estiver desanimado, levante e cabeça e lembre-se que o que você ensinou está sendo usado por alguém em algum lugar desse nosso mundão. E o mais legal, alguém em algum lugar desse mundão está pensando em você e o está agradecendo.

E para vocês governantes, parem de desfalcar, defraudar, afanar, surrupiar, limpar e rapinar os cofres públicos. O dinheiro que está lá provem do povo e deve ser gasto para o bem do povo. E não há bem maior do que investir na educação. Nosso país seria um lugar muito melhor e mais digno para se viver se nossos professores tivessem mais recursos para ensinar e ganhassem um salário digno. Tenho certeza que vocês governantes tiveram professores excelentes e nenhum deles os ensinou a arte da corrupção. A arte da indiferença.

Bem, escrevo esse texto para expressar aqui o meu MUITO OBRIGADO a todos os professores que passaram pela minha vida, e estendo os PARABÉNS para TODOS 

OS PROFESSORES DO BRASIL!!!


!!!PARABÉNS PROFESSORES, TEACHERS, FESSORES, TIOS E TIAS!!!